31.10.11

Geek Music

Em tempos de Internet, o tempo é dos Geeks.

Para clarear o que eu estou dizendo, é preciso entender que, em seus primórdios, a grande comunidade de programadores que pouco a pouco formulou a rede mundial se caracterizava pela troca de informação e pela popularização de seus avanços em busca de um certo tipo de “honra” ante a comunidade que viria a ser denominada a cultura hacker. Tendo a Internet atingindo um bom grau de maturidade nos dias de hoje, é notável como algumas orientações antes vistas apenas dentro daquele grupo de universitários esquisitos e anti-sociais se ampliaram ao público leigo. Pois a Internet é o espaço onde se busca a informação por si só, onde os produtos culturais são personalizados em torno da pessoa que os “encontra”. Todos aqueles com uma mínima experiência na web têm os sites que eles encontraram, os vídeos que só ele e mais mil pessoas ao redor do mundo sabem da existência. Enquanto com a TV e a mídia gravada há um bom grau de passividade na eleição de seus filmes, músicas, programas, a Internet proporciona uma atividade inversa.

Considerando que este ambiente é aquele que, com efeito, destrói dia a dia a indústria fonográfica e define as tendências da audição musical entre os jovens, pode-se notar que há uma personalização nunca vista antes no que diz respeito à seleção pessoal de artistas. O movimento retrô, a revalorização de artistas que fizeram sucesso ao longo do século XX segue este preceito. Pois um vídeo do Chuck Berry está em igualdade de visibilidade ao de qualquer artista contemporâneo dentro do site de compartilhamento. Um jovem do século XXI, com o esforço de alguns cliques e downloads, transforma seu HD num acervo completo de rock dos anos 70. Ele vai atrás, e ele tem em torno de si um conjunto próprio e muito específico de produtos culturais, muitas vezes desconhecidos e outrora esquecidos ou subvalorizados.

Neste momento, ainda estamos numa fase onde se busca a música no contexto daquilo que aprendemos a ouvir nos anos 90 e início deste século, isto é, rock-pop. Volta-se subitamente para as raízes deste tipo de música, que é o que se entende melhor, o que se encaixa em nossos ouvidos. Porém, o formato deste tipo de música é uma potencialidade de cópia, milhões de cópias. Não que isto diminua a qualidade da música, mas é um tipo que se dá bem quando copiada e reproduzida ad infinitum. Caso passe este momento de retrocesso constante, não precisar-se-á fazer um som marcante, de refrões e de simplicidade para capturar o público. Pois, na web, é o público que captura o artista. A partir desta linha de pensamento, podemos concluir que acabou esta história de música comercial daqui para frente, e que o artista deve encontrar seu espaço naquele grupo seleto e específico que se personaliza através da música, de vários grupos como estes. É a hora dos Geeks.