Charles Bukowski foi um poeta e escritor americano, e fez parte da chamada geração beat, sendo companheiro de copo de Ernest Hemingway. Para quem não conhece seu trabalho, ele pode ser resumido da seguinte forma: Bukowski bebe, Bukowski transa com prostitutas, Bukowski bebe mais. Simples, não? E ele foi um bom escritor, direto e sujo. Nada está mais distante do politicamente correto do que o trabalho deste senhor.
Esses dias eu estava num bar chamado Barkowski, e logo o tema Charles Bukowski emergiu. Foi quando uma simpática moça que estava sentada ao meu lado, com os trajes denunciando de antemão sua atividade de antropóloga, disse que se recusava terminantemente a ler Bukowski. Bom, não há nada de errado nisso. Então, eis que ela dá a explicação para tal recusa: não posso ler um autor que me vê como um objeto.
Objeto. Mulher objeto. O que vem na contramão disso? No âmbito da linguagem, seria mulher sujeito. Isso remete à idéia de personalidade. E me remete a uma idéia muito cara a minha pessoa: você sempre será você, mesmo que tente ser outro. Sob este ponto de vista, não há personalidade que não possa ser anulada, diminuída, pois ainda assim está sendo personalidade. Por que então este medo de perdê-la?
Por outro lado, eu entendo, na fala daquela senhorita, uma intenção de não ser objeto. Se uma mulher me deseja, eu serei o objeto de seu desejo. Mas eu não devo pensar a mulher como objeto, pelo menos não publicamente. Que pena, pois para mim é impossível tirar dos homens a mulher-objeto. Eu conheço muitas mulheres possuidoras de várias personalidades interessantes. Mas, à medida que elas não são objeto, são apenas amigas ou conhecidas.
Quem não conhece astros formados pelo Youtube, como Justin Bieber e Pc Siqueira?
De fato, para a música, o Youtube e demais ferramentas virtuais são um grande adianto, para não falar no mp3. Uma vez conversava com um músico, e ele pregava para sua banda uma estrutura tradicional de produção, que seria compor-ensaiar-gravar-fazer álbum. É um processo bastante óbvio, mas no que ele me apresentou sua idéia eu retruquei: e o site? Ora, o site será feito para anunciar apresentações, mostrar algumas músicas e só. Por um acaso, este rapaz, além de músico, é programador. E eu disse para ele: camarada, o site da banda é a coisa mais importante dela depois das músicas. Como era de se esperar, ele discordou e afirmou que eu estaria, vamos dizer, viajando na maionese. Bom, eu e mais alguém, em especial este homem do vídeo acima.
Os grandes artistas continuam seguindo lógicas passadas, grande shows e turnês, álbuns, empresários e jabás. Este espaço ainda é e será estreito demais para a maioria dos artistas. A primeira grande mudança que eu quis apontar na discussão acima foi a quebra do CD, e seus principais agressores foram o mp3 e o gravador de CD via computador pessoal. A segunda quebra foi a do rádio, que, se não se quebrou tanto, deixou de ser uma necessidade para artistas que podem postar vídeos e terem suas músicas trafegando pela rede no formato mp3. A terceira foi a gravadora, visto que a tecnologia digital baixou o custo deste processo. É fato que uma gravação bem feita exige equipamento caro, estúdio e um bom produtor, mas o fato é que existe a possibilidade de mostrar sua música com um mínimo de investimento, algo que se reflete na natureza “crua” ou eletrônica de muitos estilos musicais contemporâneos.
Todas estas quebras geraram uma legião de artistas independentes, que transportam sua música para os quatro cantos do mundo com facilidade. Vizualizações no youtube contam mais do que cópias vendidas. Abre-se também o espaço para ramos musicais menos populares, como instrumentistas, estilos extremos, criando nichos específicos para cada um deles. Quem negar tais mudanças está precisando dar uma olhada pela Internet e observar as características das bandas emergentes.
Ainda resta o show, a apresentação ao vivo, e esta continua sendo uma atividade primordial. Não creio que se tenha mudado a dinâmica dos shows, desde os menores aos maiores. Por essa razão, algumas pessoas do meio das bandas de rock e relacionados põem o concerto num pedestal, como se fosse o que restasse para os músicos. O sonho de rockstar continua vivo, mesmo que fora de data. Parece que a esses músicos falta olhar no espelho e na tela do computador.
Dadas as considerações, defendo que as bandas devem ser bandas, ensaiar e compor suas músicas como nos velhos tempos, mas depois daí o foco deve ser outro. É preciso ter em consideração que a popularidade da banda será impulsionada via Internet. Os shows são importantes, mas são menos freqüentes e gastam muito tempo, dinheiro e energia, além dos contatos. O produto que as bandas têm a vender não é um disco, e não é só um ingresso de show, mas sua própria visibilidade. Então, o primeiro passo é a gravação e emulação via youtube e qualquer outro site disponível. Gravação esta que deve ser executada independentemente dos recursos disponíveis: uma câmera de vídeo é o suficiente. Depois, existem técnicas e instrumentos para infectar a rede com seu trabalho. É preciso direcionar a banda para este fim, para esta tecnologia, para o novo meio que surge em matéria musical.
Ou seja, nunca foi tão fácil ter uma banda, mas é preciso foco para utilizar-se de tais facilidades. Para os interessados, sugiro checar este site: talkmusicbiz.com
Comecei a tocar guitarra com treze anos, e de cara caí no heavy metal: Iron Maiden, Metallica, Blind Guardian e outros. Estudava na GTR, uma escola de guitarra muito famosa em Brasília, e também famosa por ser um criadouro de guitarristas virtuosos. Através de treino constante cresci tecnicamente, e não tardou muito para que eu começasse a tocar em bandas de metal.
Para os pouco familiarizados, o heavy metal é um estilo musical de grande exigência técnica, e a guitarra é o seu instrumento principal. Há uma linha de guitarristas de metal que fazem música instrumental, em sua origem influenciados principalmente por Joe Satriani, Eddie Van Halen, Randy Rhoads, entre outros. Eles variam em estilo, mas carregam uma característica em comum: velocidades estonteantes numa forma de tocar que não preza muito pelas dinâmicas. Todo guitarrista de metal ama e odeia esses guitarristas, conhecidos como shredders. Amam pois eles são o ápice do domínio técnico na guitarra-metal no que se refere aos solos, ponto alto de todo guitarrista. Suas músicas, em geral, são um solo só, para desespero dos demais instrumentistas! Mas eles são odiados, pois carregam uma atitude muitas vezes definida como anti-musical. São atletas, malabaristas, não músicos. Pelo menos é isso que um músico diz quando quer dizer “eu sou um músico de verdade”.
Eu era um desses caras que passou a dizer “eu sou um músico de verdade, com feeling”. Passei tanto que acabei por abandonar o heavy metal por um tempo, um tempo onde minha técnica de metal decaiu, mas foi recompensada por outras habilidades musicais.
E agora estou de volta às origens, treinando aqueles exercícios que todo aspirante à shredder buscou fazer, a fim de retomar minha técnica metaleira. Além disso, sinto um prazer intrínseco em fazer exercícios na guitarra, a ponto de eu me lesionar e ferrar totalmente as pontas dos meus dedos.
Voltando à odiada raça dos guitarristas fritadores, existe neste ódio uma dualidade, um mal entendido acerca dos conceitos de feeling e musicalidade. A imagem do feeling sugere um blueseiro fazendo um vibrato e uma cara de orgasmo, com uma distorção bem leve. Por outro lado, a musicalidade seria um jazzeiro que aprecia as raízes brasileiras ou teuto-vasconças, usa escalas complicadas e não vê a mínima semelhança entre um cara fritando no piano e um cara fritando na guitarra. Estas duas concepções tornam o shredder a anti-música em seu esplendor.
Será que uma linha instrumental sem dinâmica não pode encontrar seu feeling numa espécie de fúria cuspidora de notas? Será que é necessário tocar um padrão tetracompassado de jazz vasconço para ser música? Será que é um crime ser um acrobata, exibindo num palco sua destreza e seus feitos? Quem reponde sim a todas essas perguntas são os próprios shredders, que escondem sua vontade de fritar atrás de uma afirmação, expressa na forma de música (em geral, ruim de se ouvir): “Eu sou um músico de verdade”. O que ele deveria estar dizendo é: eu sou um guitarrista fritador, nada mais, nada menos.
Pois é, depois de tanto rodar, enfim eu resolvi esvaziar um pouco a cabeça com esta formidável ferramenta chamada blog. Escrever sempre foi algo um tanto necessário para mim, mas nos dez anos que eu efetivamente escrevi, minha prática deixou a desejar.
Mas escrever é uma definição muito parca, que remete aos usos da palavra nas mais variadas formas. Eu já escrevi ficção, material para RPG (roleplaying game, aquele negócio "de nerd"), trabalhos de sociologia, letras de música e alguma coisa a mais que eu esqueci. Cada um deles é uma atividade diferente, e escrever um blog tem suas particularidades.
Escrever um blog te empurra para temas mais específicos, a não ser que você queira fazer algo do tipo "minhas reflexões", uma coisa bem egocêntrica e, na maior parte das vezes, rasa. Pelo menos é isso que eu percebo ao navegar pela net atrás da concorrência.
Por outro lado, escrever um blog confunde texto e autor de uma forma peculiar, uma personalidade que é quase um perfil de rede social. Talvez seja o antepassado do face book, o elo perdido entre a produção e a masturbação.
Mas tudo isso eu digo da boca pra fora. Estou com boas expectativas para escrever este blog e atualizá-lo, que é o mais difícil. Mas por quê escrever aqui? Ou melhor, o que eu tenho para escrever? Por enquanto eu tomo como prática e campo de testes, e como vazão às palavras que às vezes me fazem falar sozinho. Por enquanto, este blog será "minhas reflexões"